segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Gustavo Gitti - Relacionamentos lúcidos - palestra Cebb Rio - dezembro de 2015

Gustavo Gitti - Relacionamentos lúcidos - palestra Cebb Rio - dezembro de 2015 -  Meu resumo e anotações

Buda fala a realidade e não suas ideias próprias.
Experiência condicionada. Experiência cíclica de insatisfação. Duka. A causa da felicidade é a mesma do sofrimento. Se for condicionada.

Ansiedade: queremos a saída sem entender o sofrimento. A primeira coisa é olhar o sofrimento próprio e ao redor.

Começo de namoro: A causa da felicidade já sabemos que será a mesma do sofrimento. Nossa dependência energética. No início do início do namoro, deixamos noa abalar uma demora na resposta do whatsapp etc. É a mesma dependência energética que vai fazer doer a falta no final do namoro. Como se entrássemos numa piscina estranhando: "Está me molhando!" "Está me molhando!"

Não tem ninguém feliz apesar das fotos do Facebook. Perguntem às pessoas. Casal - estão repousados. Muitas vezes um deixando o outro mais estagnado. Em geral, não é amor genuíno e sem apego.

Duka é como a própria respiração. Não dá para parar. Igual a ajustar de posição na meditação. Nunca encontramos uma bolha dourada. Um galho último.  Não há cobertor que nos cubra inteiros. Procurar no samsara é perda de tempo. A saída é a iluminação.

Exemplo: Entramos numa relação com uma pessoa cuja mente não para pôr três segundos. Ela fala - eu te amo e que vai cuidar muito de você - mas como acreditar? Como procurar estabilidade assim? Não tem como dar certo. Com energia condicionada. Dependendo do outro e de suas ações para a nossa energia. Para completar, entramos na relação autocentrados. Mas de outro modo é  possível. Por que não começar com ambos fazendo shamata? :)

Por isso, é preciso estudar a origem mais sutil do sofrimento. Por que sofremos?
Estamos há muito tempo colecionando soluções mas não sabemos qual é o problema.
O problema não é falta ou excesso de sexo ou liberdade. Nem amor livre ou padrão.

Para não perder tempo, eh preciso buscar a solução mais profunda. É possível liberar o sofrimento em nós é nos outros.

Nossos meios hábeis vão vir justamente de olhar nosso próprio caminho de sofrimento. Por exemplo, ser traído ajuda a ajudar traídos.

O desejo no fundo é chegar em casa, paz. Então o que queremos mesmo é a iluminação. Nunca encontraremos isso com as coisas do mundo todas, inclusive relações.

Mudanças no caminho não mudam a insatisfatoriedade. Exemplo: largar emprego. Daqui a pouco a pessoa já está pirando por não ter nada pra fazer... É assim com tudo no mundo.
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Terceira nobre verdade: a liberação é possível. É preciso confiar na total liberação. Por exemplo, total liberação do ciúme. Total liberação da competição. É preciso de algo total. Acreditarmos nisso. Mesmo ainda não estando com esta capacidade.
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Quarta nobre verdade: há o caminho. Precisamos praticar. Se há um caminho, é possível!
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Tipos do sofrimento :
1- sofrimento da dor (evidente, o próprio sofrimento)
2- sofrimento da mudança, da impermanência. Incapacidade de estabilização em bolhas, mesmo boas. Castelos de areia.
3- sofrimento todo pervasivo. Cuja origem é a ignorância. Só o fato de estar na bolha. Exemplo: achar que está casado. Achar que é um marido. Achar que há uma esposa. "Se achando". Operando com avidya. Difícil liberação. Para sair: prajna! Sair do excesso de seriedade. Não acreditar tão solidamente nos papéis que desempenhamos no teatro da vida.
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Pessoa sofrendo ao contar sua dor: dá detalhes. Quer que você entenda. Detalhes inúteis. Apenas conta fatos. Nível grosseiro. ("Estou me molhando!") Não analisa o principal, além dos fatos: porque a afeta. Nível sutil.
Todos os conselhos são tentar resolver ou controlar no nível grosseiro. Inútil. Melhor não dar conselho assim, em geral. Primeira nobre verdade: o mundo não é consertável. As coisas não são resolviveis. Isso é um alívio!
Há um lugar onde está tudo resolvido. A terceira nobre verdade.

A felicidade não vem de histórias ou ajustes. Nem de histórias que deram certo.
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Exemplo: Traição. Eh apenas uma relação  paralela, mesmo que seja algo não ético e que cause sofrimento. Mas é melhor evitar.

Melhor evitar qualquer coisa que gere sofrimento. Ainda mais se desenvolvermos nossa prática e pudermos ver como as ações pequenas podem causar um sofrimento enorme, justamente pela vacuidade de tudo  aceitar qualquer luminosidade. Em nós mesmos pelo carma ou diretamente na outra pessoa. Exemplo: você trai e a pessoa e ela se mata por causa disso... Imagine o carma negativo gerado para ambos! A visão de Prajna aumenta nossa responsabilidade ética e não o contrário ("Vale tudo, se é tudo vazio").

Ao mesmo tempo, olhando do ponto de vista do traído (e não como desculpa para trair), comparemos com a amizade. A amizade é uma relação paralela. Por que não nos faz sofrer tanto? Pode dar a mão?  Pode. O ombro? Rs. Qual o limite? Há uma questão cultural etc.
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O traído sofre não é pelo que o outro fez. Início de toda relação: surgiu energia. Não interessa a história.  No segundo encontro, mantém a energia. O que interessa não é o outro, é a energia q surge em nós. Poder um sobre o outro e controle. Não percebemos que isso nos controla: nossa energia na dependência do outro. Condicionada. Isso é o início real de toda relação. Tudo faz sentido e brilha quando apaixonamos. Mas a causa não é nada do que a pessoa faz ou fala ou é: é a energia condicionada se manifestando em nós.
Por isso, se supera um ex com muita facilidade, em geral, ao se apaixonar por outra pessoa.
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A saída : energia autônoma
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Todos andam com energia baixa, reféns das pessoas que a aumentam. Famintos. Mesmo em coisas menores. Um olhar. Um e-mail etc.
Mas o outro não tem esse poder. Quem brilha é a gente. É a nossa energia.
Não bancamos os nosso mundo interno. O outro ganha a tarefa de não nos perturbar.
Experimentar: uma semana sem exigir nada de ninguém. Sem cobrar, sem reclamar, sem pedir explicação, sem fazer jogos em busca de mais energia condicionada.
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Nossas teorias de como a vida deveria ser nos impedem de olhar pra vida.
Problemas na crise:
1-Reatividade rápida. Com seriedade e fixação e não um autoexame com mais calma. Conclusão rápida.
2-Muitas certezas
Repetimos infinitas vezes as ações negativas que o outro nos fez por dias. O corpo reage como se fosse o fato original toda vez. Biologicamente comprovado. Melhor soltar. Não há solidez. Não congelar o outro. Deixar sem resolver ou entender ou vingar etc. Apenas soltar.
No meio da depressão ou crise a gente se distrai e fica bem. Mas lembramos... onde está a traição agora? Onde está o processo de divórcio agora? Não há essa solidez. Isso é avidya. A gente sofre pelo pensar. De nossa solidificação de falas do outro. Mas as falas são emocionais e passageiras, mudam. Não ver solidez em elogios nem em falas negativas. Ou atos.
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Saída :
Energia autônoma
Mais brincadeira. Menos solidez. Perceber que não há namoradas ou esposas, só pessoas livres. Nem nada no samsara. Coemergência.
Olhar quando começou o namoro. Difícil achar o exato momento.
Não é preciso entender ou resolver histórias. É só soltar. Seguimos respirando. Segue tudo igual. Respira. É só o que precisamos. Respirar.
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Autocentramento. Terceira causa. Visão utilitária dos outros. Quem sofre só fala de si mesmo. É a raiz do sofrimento.  Melhor desejar que todas as pessoas sejam felizes do que querer arrumar nossos "meus". Inclusive meu casamento e meu namoro.
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Amar é desejar a felicidade do outro.
Só conseguimos sendo verdadeiramente felizes. Temos que achar que a felicidade verdadeira é possível.

Outros links sobre nossa cegueira no amor romântico:

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